Vantagens do extrato celular do pecíolo (ECP)
A analise do ECP tem as seguintes vantagens:
- Resposta rápida a um problema da nutrição em comparação com a análise foliar.
- Boa relação dos nutrientes da seiva com as características do solo, substrato e condições ambientais para determinar a causa de um problema nutricional.
- A análise de seiva é menos afetada pelos fenômenos de concentração e diluição do que a análise foliar, pois nos dá um valor médio desde o início do ciclo de crescimento até a coleta da amostra.
- As decisões corretivas são tomadas antes da observação dos sintomas visuais de deficiência nutricional, ou seja, corrige-se a deficiência nutricional antes mesmo de ocorrer o sintoma na planta.
Procedimento
- Selecione as folhas mais jovens e totalmente desenvolvidas, geralmente a terceira ou quarta de cima para baixo (imagem 1). No tomate, geralmente é a folha que está acima ou abaixo do cacho do fruto. Por hectare, devem ser retiradas 10-20 folhas. Estas devem vir das quatro orientações do plantio (norte, sul, leste e oeste) e de toda a parcela do cultivo. As folhas devem ser colhidas quando a temperatura estiver entre 14-28 °C e umidade relativa do ar de 60-85%.
- Coloque as folhas em uma caixa térmica e transporte para o laboratório ou local de análise.
- Com uma tesoura separe o pecíolo e as pequenas “veias” das folhas.
- Corte o pecíolo e as “veias” em pedaços pequenos, de preferência com o tamanho de 0,5cm. A seguir, misture todos de maneira bem homogênia para que seja possível obter uma amostra bastante representativa.
- Faça a prensagem para extrair a seiva. Você pode usar um espremedor de limão, mas se precisar extrair a seiva diversas vezes, a prensa hidráulica poderá ser uma alternativa mais prática.
- Coloque a seiva no sensor dos medidores compactos para fazer a leitura. Antes de realizar esta ação, verifique se o sensor está devidamente calibrado. Para dados confiáveis, recomenda-se a calibração diária de todos os sensores.
- Registre os valores obtidos e compare os dados obtidos com a tabela de referência (tabela 1).
Etapa |
Nitrato |
Fósforo |
Potássio |
Cálcio |
Magnésio |
Floração |
620 – 797 |
165 – 300 |
4600 – 4900 |
190 – 260 |
580 – 1280 |
Frutificação |
664 – 788 |
150 – 180 |
3400 – 3900 |
340 – 490 |
510 – 920 |
Engorda do Fruto |
354 – 1414 |
70 – 253 |
3200 – 4420 |
230 – 700 |
240 – 1370 |
Colheita |
133 – 1000 |
35 – 134 |
600 – 4590 |
280 – 1420 |
1900 – 2000 |
Fonte: Cadahia, L. C. (2008). La savia como índice de Fertilización. Madrid, España. Ediciones Mundi-Prensa.
Veja um interessante exemplo abaixo:
A Imagem 2 mostra a concentração de nitratos na seiva (Extrato Celular do Pecíolo – ECP) e também na solução do solo (SSP). Na semana 29-30 observa-se que há uma diminuição na concentração de nitratos na seiva e o mesmo ocorre com o N da solução do solo.
A decisão é feita para aumentar o Nitrato na solução nutritiva durante as semana 30-31 (SSP); Após esta ação é notável a correção de nitrato na seiva durante as semanas 31-32 (ECP).
Na semana 31-32 é decidido diminuir o N da solução nutritiva (SSP) e na semana 32-33 o nível de nitratos na seiva (ECP) é mantido, já na solução do solo o N é aumentado novamente (SSP) na semana 33. Isso acontece em semanas nubladas (limitação da radiação solar). Para que a planta utilize nitratos em seu metabolismo, é necessária a radiação solar para transformar os nitratos em amônio.
Na figura 2 as decisões são tomadas da mesma forma do exemplo anterior, detectando-se uma diminuição na concentração de K na seiva (ECP) e ajustando-se a solução nutritiva (SS), observando-se novamente uma semana depois as alterações na seiva da planta (ECP). Nesse caso, altos níveis de K são mantidos na planta, pois os frutos tiveram maturação irregular. Os efeitos dos dias nublados na anatomia da planta causam uma diminuição na espessura do caule, comprimento da folha e amadurecimento desigual dos frutos. De posse desses dados, decidiu-se aumentar a concentração de K e diminuir o N da solução nutritiva para evitar intercorrências e solucionar problemas.
Em conclusão, as Figuras 2 e 3 mostram claramente como a quantidade de nutrientes na solução do solo está relacionada ao efeito das condições ambientais sobre a concentração de nutrientes na seiva. Além disso, observa-se a rapidez das mudanças feitas na solução nutritiva na concentração de nutrientes na solução do solo e na seiva. É muito importante ter tempo para analisar os dados e a relação entre cada um dos fatores que afetam a nutrição das plantas e, assim, poder tomar decisões excelentes.
Texto escrito pelo Engenheiro Agrônomo Javier Santiago Especialista em Fitotecnia na Universidade Autônoma Chapingo
Fonte: Hortalizas